O termo Web3, cada vez mais em evidência, significa um tipo novo de interação da World Wide Web, com um conceito de descentralização baseado em dois pilares principais: a tecnologia blockchain e a economia de tokens. O nome, criado em 2014 por Gavin Wood (fundador da Polkadot e cofundador da Ethereum), destacou-se em 2021, após o interesse maior de pessoas ligadas a criptomoedas.
Apesar da semelhança entre as nomenclaturas, Web3 e Web 3.0 são coisas diferentes, o que gera a confusão de alguns escritores. A Web 3.0 ou Web Inteligente se refere a uma terceira onda da internet, onde todo o conteúdo disponível é aplicado aos conceitos de Web Semântica, ou seja, quando humanos e máquinas trabalham em conjunto.
Voltando ao tema principal, a Web3 utiliza cadeias de blocos descentralizadas – conjunto de informações registradas ligado a blocos anteriores e sucessores. São dados públicos que permitem acesso de todos na rede. Isso significa que também compartilha os sistemas de registro com uso de criptomoedas, como Bitcoin ou Ethereum. A popularização da ideia aconteceu principalmente com o investidor Packy McCormick, que a definiu como “uma internet que é propriedade dos desenvolvedores e dos usuários, coordenada com tókens”.
Esse destaque que a Web3 tem conseguido vem graças aos investimentos tanto de trabalho como de dinheiro que estão sendo realizados em empresas emergentes de criptomoedas há pelo menos três anos. De acordo com o jornal The New York Times, somente em 2021 foram investidos mais de US$ 27 bilhões em cripto e projetos relacionados, mais do que os dez anos anteriores juntos. O resultado é que empresas como Twitter e Reddit começaram a fazer seus projetos relacionados à Web3.
O que veio antes da Web3
A Web1 é a internet conhecida dos anos 90, com seus blogs, fóruns e portais de notícia que traziam páginas estáticas com protocolos abertos, quer dizer, que não tinham apenas um dono.
Em 2005, chega a Web2, com as redes sociais em evidência e a oportunidade para que os usuários criassem seus próprios conteúdos. Esse novo elemento do universo online levou grandes empresas a serem distribuidoras e monetizadoras desses conteúdos, ficando com grande parte do controle sobre a mídia social e também os lucros.
Teoricamente, o objetivo é que a Web3 vai substituir essas plataformas corporativas que hoje são centralizadas, trazendo redes que possam ser administradas diretamente pela comunidade, tornando-se um híbrido entre as Webs 1 e 2.
Quais as vantagens e desafios da Web3
A Web3 desperta todo tipo de opinião. Especialistas dizem que ela fornecerá uma maior segurança dos dados, além de escalabilidade e mais privacidade, combatendo a possibilidade de grandes empresas monopolizarem o sistema.
Por outro lado, há quem defenda que uma web descentralizada possui baixo potencial de moderação e alta proliferação de conteúdo nocivo, podendo sim centralizar a riqueza nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos, além da perda de privacidade com uma coleta maior de dados. Já nomes como Jack Dorsey e Elon Musk acreditam que se trata apenas de um termo de marketing da moda.
Na prática, a Web3 pode ser aplicada a diferentes formatos, como as próprias redes sociais, mas de maneira revisada; jogos onde se lucra com tokens criptográficos e plataformas NFT para compra e venda.
Observando este cenário, há quem defenda que toda a internet se transformará em algo novo, impulsionando uma nova economia e sem necessidade de intermediários; mas há também os que acreditam que é apenas uma desculpa para renomear a economia de criptomoedas já existente, de forma a convencer o público que esta é a próxima etapa digital.
Como funciona a Web3
Em geral, a Web3 seria uma internet que leva como centro o conceito de cadeia de blocos, o que poderia trazer melhorias ao sistema como conhecemos hoje. O otimismo se dá porque as plataformas seriam uma maneira de criadores de conteúdo e usuários poderem monetizar suas atividades de uma forma mais autônoma do que a realizada hoje em dia.
Imagine um Spotify Web3, por exemplo, que poderia permitir aos fãs comprar participações no trabalho de artistas novos, tornando-se assim patrocinadores diretos desses músicos em troca de participação nos lucros de streaming.
Além das possibilidades já citadas neste artigo, o Metaverso também se beneficiaria da Web3, de acordo com alguns defensores do conceito. Para eles, as criptomoedas seriam parte essencial desse universo interativo, permitindo que não fosse controlado por uma só empresa.
É importante ressaltar que as visões sobre a Web3 diferem de acordo com seus escritores mas, em geral, giram ao redor da mesma ideia de descentralização e incorporam as tecnologias blockchain. Há visões baseadas nas DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas) e nas DeFi (Finanças Descentralizadas). Ainda assim, há muito que se conversar a respeito do tema – em dezembro de 2021, a engenheira de software Molly White lançou o site “Web3 is Going Just Great”, documentando supostos golpes, esquemas e truques envolvendo a nova web e criptomoedas.