A pesquisa Refugiados no Brasil, realizada pela ONG Estou Refugiado em parceria com o Instituto de Pesquisa QualiBest, revelou que o maior problema dos refugiados no Brasil é encontrar trabalho no país. Metade dos entrevistados considera difícil ou muito difícil conseguir um emprego. As razões são a falta de disponibilidade de vagas, não conhecer pessoas que possam ajudar, problemas com o idioma, não conseguir revalidar o diploma e também por sentir alguma discriminação.
O objetivo do estudo é entender o perfil dos refugiados e avaliar a trajetória dos imigrantes, ao mesmo tempo que analisa as percepções sobre o Brasil e sua população. Foram feitas 503 entrevistas com homens e mulheres imigrantes de 18 anos ou mais que vivem no Brasil na condição de refugiados, solicitantes de refúgio e residentes temporário ou por tempo indeterminado. A amostra do levantamento incluiu pessoas da Venezuelana, Angola e Congo, além de outros países em menor quantidade (Colômbia, Síria, Cuba e outros). Equilíbrio entre homens e mulheres, numa média de idade de 37 anos e 57% atingiram o ensino superior (completo ou não). Em seus países de origem eram principalmente assalariados, profissionais autônomos e estudantes. São moradores das cidades de Boa Vista, São Paulo, Manaus, Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília, Curitiba e outras.
“Após o boom da migração de venezuelanos em 2018-2019 por conta das dificuldades econômicas e políticas da Venezuela, somado aos refugiados sírios e africanos, nossa ONG fez esse levantamento e descobriu que o maior problema dos refugiados continua sendo conseguir um emprego. E este tem sido nosso foco de atuação desde 2018. Já inserimos no mercado formal de trabalho mais de 1.000 refugiados”, conta Luciana Capobianco Maltchik, presidente da Estou Refugiado. A ONG também estimula o empreendedorismo e auxilia microempreendedores que desejam montar negócios próprios. Também criou projetos de geração de renda para refugiados como o “Cores do Mundo”, que integra artistas plásticos refugiados.
O que mais motivou a saída das pessoas de seus países de origem foram problemas econômicos, além de perseguição política e guerra. No caso de venezuelanos, eles foram movidos principalmente por questões de economia; já os congoleses pela guerra e perseguições políticas. A escolha pelo Brasil se deu em especial pela facilidade de encontrar trabalho, ter parentes ou amigos no lugar, o desejo de viver no país (mais forte entre os africanos) e indicação de parentes e amigos. Venezuelanos escolheram o local movidos mais pela ideia de ter emprego e indicação de parentes e amigos.
Apesar da semelhança de idiomas, o fator da língua se destaca entre as dificuldades de adaptação dos refugiados, já que poucos estudaram o português. Em seguida, vêm as dificuldades típicas de uma metrópole e o clima.
Mesmo com todas as dificuldades inerentes a um reposicionamento de carreira no novo país, 47% dos refugiados já sofreram discriminação, principalmente em relação a nacionalidade e raça. “Ainda há muito preconceito. Com o crescente fluxo migratório no mundo todo, é necessário promovermos a sua integração, e conhecer melhor quem são os refugiados/migrantes e as suas dificuldades para ajudá-los nesse processo”, conta a coordenadora de pesquisa do Estou Refugiado, Rose Nako.
Ainda assim, os brasileiros são considerados solidários e acolhedores, apesar de serem considerados também relapsos, violentos, preconceituosos e reservados – em percentuais menores. Durante a pesquisa, 41% dos entrevistados não atribuíram os defeitos à população brasileira. Cerca de 71% dos respondentes possuem um relacionamento próximo com brasileiros e 53% dizem nunca ter sofrido discriminação.
Quando solicitado que ranqueassem o que mais desejam, “dar uma vida melhor aos filhos” aparece com o maior percentual de primeiro lugar com 34%. Já somando o 1°, 2° e o 3° lugar, “ter um melhor lugar para morar” se destaca com 84%. Além disso, 30% dos entrevistados não quer voltar ao país de origem, com destaque para africanos e aqueles de outras nacionalidades. Entre aqueles que querem voltar a viver no país de origem, 17% dos entrevistados, temos destaque para os venezuelanos. E 26% quer voltar apenas temporariamente para passeio e visitar amigos e parentes.
Os refugiados que possuem Registro Nacional Migratório ou Registro Nacional de Estrangeiro (RNE) somam mais de 2/3 da amostra. Para 39% deles o tempo para obter esse documento foi de até 3 meses. Sendo que os venezuelanos conseguem a RNE mais rapidamente quando comparado aos africanos.
Sobre a situação a respeito do Covid, três a cada quatro entrevistados não tiveram casos na família, já entre os africanos há nove em cada dez com pessoas infectadas na família. Entre os que pegaram o vírus, 9% perderam um familiar.
Quer acessar mais informações sobre a pesquisa?
Baixe o relatório completo da pesquisa Refugiados no Brasil.
Sobre a ONG Estou Refugiado: em 2015, a Estou Refugiado nasceu da convicção de que a questão do refúgio
estava envolta em uma densa nuvem de desinformação e preconceito. Era preciso tomar uma atitude para mudar esse
cenário, dando voz, visibilidade e dignidade a esses seres humanos que precisam muito do nosso apoio e da nossa compreensão. Saiba mais em estourefugiado.org.br
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