Quando 90% das mulheres e 76% dos homens, de uma amostra de 1.400 pessoas, relatam já terem sofrido assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho, percebe-se o quão importante é falar sobre o tema.
Foi pensando nisso e também para dar voz a esses profissionais, que entre os dias 10 e 30 de outubro, em parceria com o Grupo de Planejamento (GP), realizamos um estudo para falar sobre o assunto.
Assim como o assédio moral, o sexual também está presente no âmbito profissional: 97% dos respondentes disseram que ocorre esse tipo de situação na empresa, sendo que, para 67% das mulheres e 52% dos homens, os atos ocorrem frequentemente.
Entre os entrevistados que já sofreram assédio moral, 30% relataram que o ato foi realizado por presidentes ou sócios e 22% por vice-presidentes. Entre os que possuem mais de 40 anos e estão no cargo de diretoria, o índice sobe para 41% e 40%, respectivamente.
Presidentes ou sócios são os responsáveis também, por assediarem moralmente 22% dos estagiários ou assistentes, 26% dos supervisores, coordenadores e gerentes, 40% dos diretores e 52% dos vice-presidentes, ou seja, o assédio aumenta conforme o nível hierárquico.
Embora esse número seja considerado alto, os diretores aparecem no topo do ranking como os maiores assediadores, segundo nossos entrevistados: 63% dos respondentes disseram ter sofrido assédio por parte desses profissionais.
Casos de assédio moral cometidos por clientes, também são comuns: 22% dos entrevistados foram assediados por clientes da agência, 18% por clientes com nível hierárquico superior e 12% por clientes com cargos equivalentes.
Quando o assunto se refere a piadas sexistas ou comentários constrangedores, 89% das mulheres admitiram que ouvem esse tipo de crítica no ambiente de trabalho, 58% com frequência, 32% às vezes e 10% disseram nunca ter presenciado tal situação. Já entre os homens, os índices são de 83% no total, sendo que 45% são alvos frequentes.
Ainda sobre o sexismo nas agências, 59% das mulheres têm sua opinião desconsiderada em um projeto por causa de seu sexo ou orientação sexual, sendo que 75% pertencem ao setor de criação.
Entre os respondentes que já foram assediados moralmente, 90% foram vítimas de homens e 66% de mulheres; entre os que sofreram assédio sexual, 96% foi cometido por homens e apenas 10% cometido por mulheres.
Infelizmente, é comum o caso de pessoas que tiveram sua saúde prejudicada, após serem vítimas de assédio. Dos entrevistados que já foram assediados moralmente, 52% desenvolveram algum sintoma; destes, apenas 32% procuraram ajuda profissional.
Síndrome de ansiedade, sentimento de inutilidade, insônia ou sonolência excessiva e crises de choro, são alguns dos sintomas mais presentes na vida dos assediados.
Além de todos esses sintomas, um dado alarmante se destaca: 11% dos homens e 10% das mulheres que apresentaram algum desses sintomas, afirmaram que que tiveram pensamentos suicidas. Somente nesse estudo, oito respondentes afirmaram que tentaram se matar.
Presidentes ou sócios da empresa, novamente aparecem entre os maiores assediadores (31%); entre as mulheres assediadas, 40% atuam na área de planejamento e 48% são maiores de 40 anos; 56% foram assediadas por superiores indiretos e 50% por superiores diretos.
Saiba um pouco mais sobre esses relatos, assistindo ao vídeo abaixo:
Como se não bastassem todos esses transtornos e constrangimentos, as vítimas ainda encontram inúmeros obstáculos no combate ao assédio moral e sexual. Mais de 80% dos respondentes trabalham em empresas que não oferecem nenhum tipo de orientação sobre o tema, 12% recebem orientação sobre assédio moral, 10% sobre assédio sexual e apenas 5% disseram ter espaços para denúncias.
Entre os que trabalham em empresas que não prestam nenhum tipo de suporte, 33% sofrem assédio moral ou sexual frequentemente, número que cai para 14% nas empresas que possuem informações.
Ainda nas empresas, 57% das mulheres e 50% dos homens, dizem se calar ou ignoram qualquer tipo de assédio por medo de se sentirem julgados; 58% e 45% por medo de serem demitidos e 61% e 63% por medo de represálias, respectivamente.
Embora seja no ambiente de trabalho que passamos a maior parte do nosso dia, é longe dele que as vítimas comentam sobre o ocorrido: 66% das mulheres e 57% dos homens assediados moralmente, conversam com amigos ou parentes fora da empresa.
Todos esses fatores juntos, talvez possam explicar o baixíssimo índice de providências tomadas após denúncias realizadas formalmente no RH das empresas.
Quando a agressão ocorre contra os homens, o índice é ainda menor: 333 sofreram assédio moral, 32 denunciaram e somente três tiveram o seu caso resolvido.
A pesquisa identificou que apenas 3% dos respondentes conhecem de fato a lei que fala sobre o assédio moral, 27% conhecem pouco, 35% apenas ouviram falar e outros 35% não conhecem absolutamente nada sobre o assunto.
Sobre a lei do assédio sexual, 4% a conhecem bem, 30% pouco, 39% ouviram falar e 27% não conhecem.
Embora as leis ainda sejam desconhecidas, para as pessoas que responderam à pesquisa, 56% acreditam que o assunto sobre assédio moral está sendo mais discutido, assim como assuntos relacionados ao assédio sexual, 78%.
Pesquisa quantitativa online realizada entre os dias 10 e 30 de outubro de 2017, com 1.400 profissionais do setor de comunicação da cidade de São Paulo e Região Metropolitana, com média de idade de 33 anos.
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