Há muitas mudanças na maneira de consumir da mulher. Por exemplo: mulheres a partir de 34 anos de classes A e B do Rio de Janeiro passaram a fazer suas escolhas de compra com base no meio ambiente. Para elas, não importa o custo, mas sim se o produto ou serviço é sustentável. São as chamadas “shoppers Zona Sul” que, além disso, possuem poder de influenciar outras pessoas. Isso significa que uma marca de cosméticos que faz testes em animais, por exemplo, já não é tão bem-vista.
O tema pode ainda se estender para outros produtos, como opções ecológicas para substituir o absorvente comum e até fraldas de tecido para bebês no lugar das descartáveis – a co-fundadora das empresas americanas Diaperkind e Esembly, Liz Turrigiano, observou que a pandemia trouxe um aumento de 300% na receita gerada pela venda das fraldas ecológicas. A Amazon chegou a ter marcas sem estoque por um momento. A motivação não foi confirmada – pode ser pela falta do produto descartável no mercado, para economizar (já que as de pano duram muito mais tempo) ou por consciência sustentável. Seja qual for a razão, o fato está dado e há uma grande oportunidade de mercado surgindo aí.
Por outro lado, mesmo com o crescimento acelerado de investimentos e demanda dos absorventes ecológicos e coletores menstruais desde 2018, uma pesquisa da Famivita revelou que 71% das brasileiras não sabem que o produto comum descartável, além do lixo que gera com tempo grande de decomposição, contém substâncias nocivas à saúde.
O que mais quer a mulher consumidora?
Uma pesquisa do Instituto Qualibest que comparou mulheres das gerações X e Z mostra que elas buscam o mercado de beleza (cabelo, unhas, maquiagem) para se sentirem felizes e não para seguir um padrão. Ao invés disso, há uma procura por personalidade nas ações relacionadas a estética. Para se ter uma ideia, 91% delas ressalta que cada uma deve arrumar o cabelo da maneira que a faça sentir bem, enquanto que apenas 1% acredita que alisar o cabelo é importante para ser melhor aceita na sociedade. É uma maneira de consumir da mulher se auto-valorizando.
Outro dado relevante é que 82% delas gostam de se vestir do próprio jeito, mesmo que os outros achem feio. Apesar disso, ainda 53% da geração Z ficaria triste se alguém dissesse que é feia ou gorda, contra 70% da geração X.
As mães ou futuras mães também são um público potencial para as áreas de beleza e saúde. Um case colaborativo de 30 mulheres vivendo a maternidade mostrou que elas buscaram mais cuidados com a pele, alimentação e atividades físicas, por exemplo. Essas pessoas também começaram a rever seus orçamentos, passando a comprar produtos mais baratos e fazendo cortes. Apesar disso, algumas delas ficaram atentas a marcas de fraldas que pudessem causar alergias em seus bebês, além de serem mais rígidas em relação a uma alimentação saudável dos pequenos. Os produtos que elas se dispõem a pagar mais são fraldas, pomadas para assaduras e filtro solar.
A pesquisa do Instituto Qualibest com o site Mulheres Incríveis mostrou também que 70% das mães acredita que a vida da mãe brasileira é difícil e exaustiva, sendo a maior dificuldade (60%) relacionada a ter tempo para a vida pessoal, principalmente considerando coordenar a vida dentro de casa com a carreira profissional.
Um aspecto interessante é que pelo menos metade delas busca gerenciar as atividades com os pais, mas acaba tomando a frente e se sentindo sobrecarregadas justamente por achar que eles não estão fazendo as coisas corretamente. Esse ponto pode ter a ver com a imagem da mãe perfeita que está retratado na mídia – 49% não se identificam com o estereótipo de mãe perfeita e 30% não se identificam com o estereótipo de mãe que está sempre feliz. Nesse contexto, elas também acabam se rendendo à tecnologia e consumindo conteúdos infantis digitais para conseguir distrair seus filhos e dar conta de outras coisas.